Nas falas de análise de conjuntura, se recordou que cada vez mais a população economicamente ativa, e dentre ela a população entre 17 e 35 anos, será predominante na população. Isso pode impulsionar um ciclo de desenvolvimento no país, se essa geração de jovens tiver oportunidades de formação qualificada e acesso a empregos. No entanto, não é isso que vem acontecendo. O Brasil pode estar desperdiçando uma janela de oportunidade de superação da crise.
Embora no último período o Brasil tenha gerado muitos empregos, a maioria deles é de baixa remuneração e alta rotatividade. O avanço da terceirização contribui com esse cenário. E justamente são essas vagas mal remuneradas e de alta rotatividade que restam pra juventude, que fica submetida a péssimas condições de trabalho, sem oportunidade de estudar porque tem longas jornadas de trabalho. Além disso, outro problema citado foi o endividamento dos jovens egressos do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil). O secretário de juventude do PCdoB André Tokarski, presente na reunião, lembrou que quase metade dos estudantes financiados pelo Fundo não conseguem pagar o FIES. "Isso é uma bomba relógio. Estamos formando uma geração endividada", constatou ele.
Para o secretário nacional de juventude da CTB Vitor Espinoza, a criação de políticas de trabalho e estudo ajudaria a combater a crise, pois formaria mais mão de obra qualificada. Além disso, o combate a crise demandaria uma alteração na política econômica redzindo os juros. Por isso, a juventude da CTB se engajará na Marcha do dia 31 de março convocada pelas Frente Povo Sem Medo e Brasil Popular.
"Não é com essa reforma da Previdência que o governo apresenta que se combate a crise. A verdadeira reforma da Previdência deve ser criar empregos de qualidade para a juventude", defende Vitor, que repudia o fechamento de muitas vagas de emprego na indústria, por exemplo, que é uma área fundamental para o desenvolvimento do país. Mas também acha que a crise econômica é alimentada pela crise política. "É preciso derrotar o golpe que ainda está em curso no Congresso. O Brasil precisa de outra agenda, precisa discutir alternativas para superar a crise econômica, mas enquanto o impeachment não for derrotado, todas as pautas ficam prejudicadas, e isso tem afetado imensamente a juventude, cada vez mais desempregada ou submetida a empregos ruins. Vamos às ruas para garantir que o presente do Brasil não seja jogado fora", resumiu Vitor Espinoza, convocando a unidade do povo. A Marcha do dia 31 de março deve reunir 100 mil trabalhadores em Brasília, segundo estimativa dos organizadores.
Por Igor Pereira, secretário de Juventude da CTB-RS
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